Igreja de Meda de Mouros

A igreja começou a ser construída na primeira metade do século XVI, com adro e cruzeiro, e interior decorado com pinturas douradas e várias figuras em relevo, tendo como patrono o mártir São Sebastião.
No século XX, face à sua degradação e ruína, teve a Igreja de beneficiar de consideráveis obras de reconstrução que incluíram a elevação da torre em cerca de dois metros. Voltou a ser restaurada em 1983, e, em 1988, terminou a obra de restauro dos últimos altares. O arco triunfal, da centúria de Setecentos, integra elementos do período quinhentista.
Nela existem várias esculturas, umas de pedra, outras de madeira e uma de barro.
As esculturas de madeira são as de São Sebastião, de Nossa Senhora da Conceição, de São Estevão e a do Senhor dos Passos, as de pedra são a Senhora das Dores, a Senhora do Rosário e a Sant’Ana, a de barro é a Nossa Senhora de Fátima.
O imóvel articula-se em três corpos, um correspondente à nave, um à capela-mor e outro à sacristia. As fachadas principal e posterior possuem pilastras líticas nos cunhais, empenas triangulares e entablamentos de pedra. No topo da empena ergue-se uma cruz, assente em pedestal. A fachada principal possui porta de verga curva, com jambas ornadas.
A torre do edifício, mostra cunhais marcados por pilastras de pedra. O campanário exibe quatro aberturas de verga curva.
A fachada lateral direita apresenta vãos de verga reta e, sob a escadaria de acesso ao exterior ao campanário, porta de verga curva. A igreja sustenta uma cobertura telhada de duas águas, que se converte em apenas de uma na zona da sacristia.
O interior do templo de nave única, com uma janela em cada parede lateral, e o seu teto é de madeira, em forma de abóbada, de volta perfeita, cortada. A capela possui, próximo das portas de acesso, pias de água benta.
A porta-janela que ilumina o coro assenta diretamente no friso superior do portal principal, formando a brancura da fachada a divisão em duas partes iguais, cujo verticalismo é atenuado por elementos decorativos com linhas curvas ladeantes da moldura do portal.
À esquerda fica o púlpito, decorado com colunas em azul claro, com base e corrimão em cor castanha, cujo acesso é feito por uma escada interior, e o coro é de planta retangular, em cuja decoração sobressaem as cruzes de madeira.
O baptistério tem um arco de volta inteira que confere ao conjunto certa graciosidade, e a pia baptismal é de planta octogonal exteriormente decorada com baixos-relevos.
O retábulo do lado da Epístola expõe uma escultura de Santa Ana, mãe da Virgem Maria. Sobre a mesa de altar, assenta na extremidade direita, uma representação de Nossa Senhora de Fátima, Na extremidade oposta, situa-se uma outra imagem da Virgem Maria, que datará, possivelmente, do século XVI. Próximo deste retábulo observa-se uma escultura de Santo António com o Menino.
O retábulo do lado do Evangelho acolhe uma escultura de Nossa Senhora da Conceição. Diretamente sobre a mesa de altar assenta uma escultura de Santo Estêvão ornada com motivos dourados. Próximo deste retábulo, encontra-se uma outra de São José.
O retábulo principal resulta de uma reconstituição feita de talhas de final do século XVII e do século XVIII, apresenta sacrário polícromo, marcado por microarquitecturas.
Insere um arco cruzeiro do século XVIII, que dá acesso à chamada capela-mor, com algumas pedras dos pés direitos chanfradas, quinhentistas, manuelina, da anterior construção, porventura já oriundas da construção inicial.
O altar-mor traduz-se na reconstituição de talhas do fim do século XVII e do princípio do século XVIII, marmoreadas com laivos de rosa de creme, com duas colunas salomónicas, retorcidas, e decoração na base do azul esverdeado.
Os altares colaterais, de talha dourada, são do princípio do século XVIII, cuja decoração é de considerável beleza, sobretudo devido às suas colunas torcidas, a imitar o estilo salomónico.
A torre da Igreja, está inserida no lado esquerdo da sua fachada, incorporando dois corpos e um remate piramidal, acentuando a verticalidade do conjunto.

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In: DUARTE, Marco Daniel – Tábua: História, Arte e Memória. Tábua, 2009

DA COSTA, Salvador; CASTANHEIRA, Luís – Meda de Mouros e as suas gentes. Meda de Mouros, 2007.